terça-feira, 21 de junho de 2011

O Deus

O Deus já foi morto e ressucitado dentro de mim. Muitos já me fizeram crer que ao acreditar em um Deus dentro de uma cosmologia neo-pagã voltada para um Sagrado Feminino seria uma desculpa interna para que não houvesse culpa em destruir uma divindade masculina depois de tanto tempo todos chamando a origem de tudo de Pai. Hoje vejo que isso é uma grande balela, pois o Deus sofreu tanto quanto a Deusa, sua Mãe e Amante. A forma em que se trabalha o Deus para muitos está deturpada por eras de patriarcado desenfreado, e isso não foi só terrível para as mulheres mas foi também para os homens. Mesmo parecendo que não. Mas devemos compreender que o ser Masculino é um fato existente e biológico no qual não podemos negar e nem fugir e creio que até mesmo uma reformulação verdadeira do que fato esse masculino seja é essencial para um resgate mais profundo dentro do sagrado nos caminhos pagãos, principalmente para os homens.
De fato uma cultura sustentada somente por uma Deusa existe, uma sustentada com um casal divino, como os percussores da Wicca tem mostrado ao longo dos anos com o par Deusa e Deus, também existe. Mas estranhamente uma em que só existe o Deus não.
Isso nos leva de volta a Deusa e ao significado interno que Ela nos remete. A Mãe é o Símbolo do Todo e por ser o todo ela pode ser e é muitas coisas e não deixa de ser o Deus.
O Deus é o que eu chamo de aspecto interior de cada de um nós perante ao Universo que é a Mãe.
Para as mulheres o Deus pode ser o aspecto de um reencontro com um complemento daquilo que não lhe falta por ser plena, mas aquilo que ela carrega em si que a torna plena. Para os homens ele é a ligação com tudo o que é sagrado e selvagem onde os leva de volta para o útero cósmico de onde o próprio Deus se originou.
O Deus da Bruxaria possuí chifres, que na idade média o mal afamou como o demônio biblíco das danações e pecados dos cristãos. Mas os seus chifres são um símbolo de realeza, força, beleza, fertilidade, sabedoria e principalmente espiritualidade.
Ele é sempre visto com uma parte animal ou vegetal, pois ele é o símbolo da extensão da vida como também é o símbolo do selvagem e instintivo habitante em cada um de nós.
Seu enorme falo ereto e cíclico é o símbolo de sua elevação e decadência, assim como morte e renascimento, como também é o símbolo supremo do êxtase, da sexualidade livre e criativa.
O Deus dos Bruxos deve ser visto e analisado com mais cuidado e carinho tanto como olhamos para a sua origem a Mãe. Pois a Origem é Eterna e Geradora e por isso sempre será imanente.
Acredito no resgate sincero de um Sagrado Masculino inserido no Feminino. Creio que ambos fazem parte de um todo muito mais complexos que essas definições de gênero. Não acredito em gênero acredito em seres.
Creio que um resgate sincero, maduro e voltado para a Deusa de um sagrado masculino como o Deus como filho da Deusa é algo de grande valia para os homens mal auto conhecidos de nossa época.
Os homens esqueceram de sua real força interior e de seu brilho como sol, assim como muitas mulheres se esquecerão de seu brilho prateado como a lua.

Dyonisio Bacante

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