sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Revirando o meu caldeirão interno!



Hoje não quero passar um conhecimento direto, preciso e filosófico sobre a Arte. Hoje simplesmente quero usar esse espaço para poder manifestar algo que venha simples e diretamente do meu Caldeirão Interno.
 O dia me acordou habitualmente e rotineiro, simplesmente no mesmo horário e do mesmo jeito. As mesmas conversas ao fundo, na cozinha dizendo comentários frívolos sobre a vida.
Atorduado e com a cabeça ainda em um plano meio onírico meio real, levantei cambaleante deixando minhas pernas treinadas me conduzirem até o banheiro. Lavei o rosto, mirei minha face pálida que é quando acordo.
Analisei a pequena bomba do dia seguinte, para ver o que teria de limpar na casa. Tomei meu café, quem sabe o seu negro suco quente me faria acordar ligeiramente. E o fez, sai logo em seguida com o guarda-chuva protegendo inutilmente o meu corpo que recebia caridosamente cada gota fria de chuva. Pensei, a manhã começou diferente, nem sempre busco leite na padaria debaixo de uma chuva cálida como aquela.
Pedi o leite, fiz um elogio a uma roupa ligeiramente excêntrica da moça que me atendeu. Entreguei-lhe aquele valor simbólico de papel e o recebi em troca. Sai, voltei a minha casa. E meio que perdido preso em algum lugar entre o sono e a chuva comecei a limpar a casa. 
Meio afoito fui colocando cada coisa desarrumada em seu lugar de origem, com a esperança inútil de que permaneceriam ali eternamente e que ninguém, nenhum um ser seria capaz de desarrumar pois eram só uma imagem ilusória tanto quanto esse pensamento.
Lavei o banheiro, salvei-a de uma catástrofe no ralo do chuveiro. Depositei o pequeno e comprido inseto, enrolado e inerte em minhas mãos molhadas na janela. No lado de fora, pensei eu, ela poderia respira e resolver se queria viver ou morrer ali parada.
Aquele pequeno gesto rápido e segundàrio me fez refletir. A Deusa estava presente na água quente que lavava o banheiro. Ela estava presente na água quente que afogava a cemtopéia. Ela estava presente no meu olhar atento e em minhas mãos habilidosas que salvou aquele ser que deveria estar condenado a uma morte frígida e nada natural. A Deusa me fez pensar nisso tudo. Poderia deixa-la morrer, mas eu resolvi salva-la. Poderia ter acordado e em vez de ir buscar leite de manhã poderia eu ter ido buscar a tarde. Tantos pensamentos miraculosos me fizeram refletir sobre a questão do agora, da dádiva do dia de hoje e por ser uma dádiva chamar-se presente.
Calculei intuitivamente e quase que quânticamente tal pensamento absurdo tentando em uma ligeira mente aborvida de sono e realidade dizer a mim mesmo que o tempo era uma ilusão de etapas cumpridas e que ele simplesmente so existia por que viamos o Sol e a Lua dançarem com o movimentos no espaço, criando essa ilusória noção de dia e de noite. Marcando infinitamente o ponteiro de um relógio desigual e igual ao menos duas vezes ao dia com todos do mundo que corria feito louco em prol dele e por ele.
E por fim me aquietei!
Terminei de limpar a casa. Resolvi não pensar em mais nada daquilo, simplesmente resolvi existir. Simplesmente deixei me levar pelo tempo, pelo presente e pelo agora.
E o agora me pede para aquietar-me, olhar a lua crescente interna dentro de mim. Revirar meu caldeirão interno e ver o que consegui cozer até agora...e depois, só depois de bem cozido poder provar...



)0( Dyonisio Bacante )0(




 

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