quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Gays e a Bruxaria. A Arte de Manifestar o Sagrado em Si Mesmo!



Estranhamente, no surgimento da Wicca e no resurgimento do Paganismo como um movimento vivo na data de seu surgimento, 1951 através de Gerald B. Gardner parecia exlcuir completamente os homossexuais, sendo que até mesmo o criador de um movimento tão livre dizia não haver um lugar para nós. Considerando-nos como aberrações, pois mais estranhamente ainda não faziamos parte desse culto a fertilidade pelo simples fato de que sexos iguais não geram vidas. No entanto Gardner foi corrompido por sua época "moral" e por mais livres que fossem seus idéiais não compreendia o verdadeiro sentido de fertilidade.
A bruxaria como um dos grandes aspectos das religiões pagãs sempre celebrou e livre expressão sexual, sendo que pode ser muito bem evidenciado isso nos ritos a Díonisio, Príapo, Pan, Eros, Ganimedes, Diana e todos outras divindades que encarnavam muito bem a liberdade como o êxtase.
Porém vale-se notar que em tais épocas noções sobre a palavra homossexualidade não existia, sendo essa uma palavra recém criada quando se começou o estudo da sexualidade juntamente das descobertas pelo psique com Freud e outros.
Isso nos faz notar muitas vezes que tais culturas antigas não tinham exatamente um culto a homossexualidade, mas sim tinham, um culto a livre expressão sexual como um fator sagrado. É claro que mitos como de Ganimedes evidencie algo assim, porém o mito trás um significado mais profundo e social do que podemos imaginar. No entanto ele aborda temas nos quais vivenciamos hoje e isso para nós pode ser um aspecto de resgatar o antigo como forma de se orientar esse novo sagrado.
O paganismo Queer, que quer dizer através desse termo do inglês, diferente do comum ou da maioria. Como são vistos os homossexuais é um movimento moderno que esta sendo galgado lentamente por todos aqueles que resolveram buscar o seu lugar no sagrado. Assim como as feministas procuraram o símbolismo dos mitos femininos para encontrar o seu local, nós gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros também assim o estamos.
Por tanto a única linha que podemos traçar com isso nesses tempos imemoráveis é o reconhecimento que ambos já possuiem. Mas nunca existiu até onde eu sei um culto exclusivo Gay. Até pelo fato de que tal conceito não existia.
Para muitos pagãos antigos o erótico tinha um valor até mais forte que a fertilidade geradora da vida em si. O ato sexual pelo prazer já era visto, como por exemplo entre os sumérios em seu culto a Inanna, no qual suas sacerdotisas também eram jovens homossexuais afeminados, um ato fertilizador em si mesmo. Que em um contexto cultural não era visto exatamente como um homem, mas uma imagem mais feminina do masculino. Através disso, as prostitutas sagradas, como eram chamadas, realizavam tais rituais no qual o homem que as procuravam encontrava-se com a Deusa e toda a sua glória através desse ato, do orgasmo. Isso também era fertilidade pois o coito na hora do gozo devia ser expelido para fora. Uma razão na qual os homossexuais sacerdotes de Inanna poderiam incorporar em si muito bem.
Esse ato de um homem servir a Deusa como uma mulher é primitiva, e pode ser encontrada em sociedades como dos Nórdicos. No qual a Deusa Freya so poderia ser cultuada pelos homens caso esses se travestissem como uma mulher. Nos remetendo ao ato do travestismo sagrado. No qual infelizmente hoje tal ato foi condenado a ponto de perder até pelos Travestis e Transexuais, não todos, como o reconhecimento do sagrado em si e os relegando ao lugar de profano. No mito, até mesmo Odin se travestiu para descobrir e aprender os mistérios sagrados de Freya e suas poderosas Sacerdotisas.
Entre os Tulcos, povo xamânico, os neófitos precisam galgar o caminho em busca de sua totalidade travestindo-se do sexo oposto ao que seu físico apresenta afim de que se torne pleno. 
Através disso reconhecemos as primeiras indentificassões que a homossexualidade teve nos primódios da humanidade. Notem que ela estava sempre como ainda hoje está, relacionada a figura feminina e ao ato de reverenciar a Deusa em si.
Com a cultura grega/romana houve de certo modo uma quebra de diferenças. A homossexualidade masculina por exemplo já não era vista unica e exclusivamente como um ato feminino. Mas era visto muitas vezes entre filósofos como o mais alto grau de virilidade. Sendo esse um ato sexual extritamente masculino. Assim como ocorreu em Lésbos, com a Poetiza Safó, no qual demonstrou que o outro lado da moeda existia também. De onde surgiu o termo lésbica. Tal poetiza tentou de certo modo formar uma sociedade extritamente feminina, sendo o ato sexual feminino considerado o mais alto grau de feminilidade. Em certo ponto esses paradigmas se encontram com os atuais, no qual muitos gays masculinizados nao conseguem identificar-se com imagens femininas em nenhum momento de seu ato sexual assim como internamente assim como ocorre com as lésbicas. Notamos nisso,uma cultura mais grega em relação ao seu modo de encarar a homossexualidade. Que em parte é isso mesmo, homo = igual e ssexual = gênero sexual. Dois sexos do mesmo gênero se amando entre si!
Ou seja, em muitos grupos gays e lésbicos não tem essa polarização psiquica como muitos héteros esperam que aja, um sendo o papel masculino e o outro feminino. Isso simplesmente não existe. É um ato de reconhecimento e atração de iguais, mesmo todos nós possuindo nossa bissexualidade interna.
A homossexualidade masculina serviu em tais tempos também como um aspecto iniciador de seu próprio sexo, pelo simples fato de que somente um homem poderia ensinar ao outro como seu corpo funciona. Esse ato era feito com um tutor mais velho e um jovem que sempre deveria estar na posição de passivo, que tinha mais ou menos 12 a 14 anos de idade. 
Mas não que tais culturas como muitos gostam de apregoar por ai faziam casamentos gays ou lésbicos a céu aberto. Mas mostra que a homossexualidade possuia um papel social até certo ponto. A partir dai já era crime, como por exemplo um homem ser passivo de um escravo. 
Ou seja, todo esse movimento de aceitação em papéis "heterossexuais" para gays e tudo o mais é um movimento recente, isso nos mostra e nos remete mais ainda que a humanidade como um ser único é uma criança aprendendo a ser o que é de fato humano. Por isso nada deve ser encarado como estático no tempo e antigo, por que algo não pode ser novo? Deixaria de ser mais sagrado por isso?
Não! E é exatamente essa noção na qual o paganismo Queer vem trazer. Tanto por que a nossa classe carece de figuras espirituais que nos fortaleçam. 
Precisamos de papéis divinos que nos represente e isso da força ao movimento de uma maneira inimaginável. Eu, graças aos Deuses encontrei isso, esse eco sagrado através do culto a Deusa na tradição Diânica, que em certos aspectos resgatam facetas homossexuais em seu culto. Pelo simples fato de não haver polarizações de gênero na divindade, como Deusa e Deus, mas sim várias polaridades em uma única divindade ou espírito, a Deusa. 




O PAGANISMO QUEER E O DEUS AZUL.


Na década de 70 e 80, o mundo parecia estar sendo os EUA, tudo o que ocorria lá repercurtia em todo o globo. Os grandes movimentos sociais e suas conquistas adveram de lá e de seus protagonistas. Nesse meado de tempo ocorreu o surgimento da classe gay que buscava pelos seus direitos e com a vitimização e discriminação dos que possuiam o HIV nossa classe precisava de um conforto espiritual no qual infelizmente o patriarcado cristão sempre nos negou. Pelo fato de que em sua mitologia criadora não pode existir Adam e Esteve mas sim Adão e Eva, por que assim sua divindade o disse!
Os movimentos pagãos e feministas pareciam ter respondido esse eco. E foi através da tradição das Fadas ou Feri da Bruxaria assim como das tradições Reclaming orientadas por Starhawk grande ativista e bruxa contemporânea. No qual sou suspeito de falar pois posso fazer quase que uma adoração a essa mulher!!
E assim através do mito da criação da Arte Féri houve o reconhecimento de imagens mitológicas que a homotheosis, homossexualidade sagrada, esta muito embasada, vejam:


"... naquele grande movimento, Myria foi levada embora e enquanto Ela saía da Deusa, tornava-se mais masculina. Primeiro, Ela tornou-se oDeus Azul, o bondoso e risonho Deus do Amor".

E através disso começou tal reconhecimento, o Deus Azul ou Dian Y Glas, ou Imagem de Diana, ou Imagem de Diviana. Como um dos nomes mais sagrados da Deusa e mais relacionado ao culto da bruxa. Surgiu uma divindade um Eco espiritual para o paganismo Queer.
É interessante notar-se que o Deus Azul é a própria imagem da Deusa mais masculinizada, mas também pode ser o andrógino divino como pode ser o gay, a lésbica, o travesti, o bissexual e o hermafrodita. Não deixando de ser uma persona única e a parte da Deusa, mesmo monstrando que ele é a imagem D'Ela. Isso nos lembra que a Deusa é o todo mas nos mostramos a sua diversidade através de personas particulares e o sexo não possuindo gênero mas como um ato sagrado e libertador é mágicko e deve ser explorado como tal através de cada natureza existente do amor manifestado da Grande Mãe.
Muitos gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e hermafroditas podem encontrar um eco espiritual nisso para curar suas feridas através de Dian Y Glas,o Deus Azul. 
O Azul é uma cor do Self Profundo também, nos lembrando que para conseguirmos alcançar a nossa natureza divina precisamos largar grilhões separatistas e heteronormativos que nossa cutura preservou como sendo a única imagem erótica condescendente ao divino. O Self Profundo também é a marca que precisamos ser todos, reconhecer a humildade que fazemos parte de algo maior por mais que digamos que nossos "desejos" internos sejam nossos. Somos instrumentos livres e com escolhas, mas somos atingidos pela profundidade e divindade da Grande Deusa Mãe e sua Imagem de Dian Y Glas, que também pode representar um caminho devolta ao Útero Cósmico da Mãe.

Sinceramente não vi exatamente um livro ou liturgia de rituais exclusivamente gays, e acho interessante que alguém o faça isso agrega valor a classes no seu sentido de sagrado. Creio que o Paganismo Queer assim como o movimento Diânico é um caminho de inspiração e de melhor funcionamento, veja o que te conecta ao sagrado sem barbarizar algo é claro! Creio que uma entrada formal na Arte pode ser um bom caminho deixando a inspiração mais como vivência quando puder compreender tal ato.
Nós trazemos dentro de cada um, um caldeirão interno esperando para ser revirado e mostrar maravilhosos rituais que a para a Mãe são a forma pessoal que cada um deve busca-la. Pois Ela assim nos fez!

Dyonisio Bacante.

Texto inspirado através dos livros, Wicca Para Todos de Claudiney Prieto, A Dança Cósmica das Feiticeiras de Starhawk









2 comentários:

  1. Muito bom! Traz importantes reflexões. A respeito do Paganismo Queer, está surgindo um culto bem consistente a Antinous, um deus gay. Se não conhece, sugiro a pesquisa.

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  2. Por Mais espantoso que seja, sou Transexual Bisexual e ha tempos fui iniciada, tanto na Wicca Celta Tradicional, e na Wicca diânica Radical. mas recentemente tenho visto um movimento anti - Transgeneros, dentro da wicca, embora garden tenha condenado a homosexualidade, seu titulo como fundador sempre foi questionavel, e a tradição celta sempre autorgou ser mais antiga que a tradição de gardem e nesta a diversidade sempre fora aceita, e na dianica radical na época as trangeneras eram aceitas só de uns anos pra ca que vejo esse ufunismo hetero-sigenero dentro da wicca, e que tem muito me encomodado,
    gostaria que falasse um pouco mais sobre a funssonabilidade mistica das transgeneras nessa otica de um paganismo Queer
    e se essa ideia de paganismo queer tem algo semelhante a wicca Faerica

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