Aos iniciados nos antigos mistérios, era ensinado a dizer: Eu sou filho da Terra e do Céus Estrelados, e não há Parte Minha que não seja dos Deuses.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
O Homem de Palha
O filme Homem de Palha ou The Wicker Man, produzido em 1973 por Robin Hardy e regravado e lançado em 2006, como título em português, O Sacrficio. Como protagonista Nicholas Cage.
É um interessante filme para conhecer em tese a cultura e práticas das religiões pagãs pré-cristãs. A primeira versão trás mais conteúdo nesse sentido, sendo que ambas denotam claramente uma moral Cristianizada, até mesmo pelos contadores pagãos. Sendo que o filme foi feito nada mais e nada menos com orientações de um bruxo conhecido, o Alex Sanders. Lógicamente que esse filme teve sua pitada holywoodiana e deixou suas marcas nele como um filme de terror. No qual eu como pagão e bruxo me senti muito ofendido. Não que não demonstre em certos aspectos nossa realidade, como a questão da fertilidade, nudez, danças e cânticos.
Nesse sentido o filme não deixa nada a desejar. Mas fica claro uma conotação negativa e da maneira que abordam as nossas crenças. Fora as comparações claras que eles fazem de cristãos e pagãos. É claro que elegendo sempre o "bom" senso dos cristãos e não dando senso nenhum aos pagãos.
Porém não nos compete hoje saber quem tem mais bom senso que o outro, o que nos compete é analisar aqui o tema central do filme: Sacrificio.
Todas as religiões possuem uma abordagem sobre o tema; sacrificio em muitas religiões é a base de tudo e é por onde muitas vezes a vida pode se propagar pelos meios físicos.
Nas antigas culturas sacrificar algo ou alguém a divindade era visto como o mais alto grau de oferenda. Sendo que a mesma deveria ir de escolha própria a fim de dar sua vida aos seus deuses para o bem de sua nação.
O escolhido era normalmente um Rei, sendo que esse era uma figura relacionada com a fertilidade da terra e de suas colheitas. Já que tais povos antigos dependiam muito das coisas dadas pela terra para sua sobrevivência. Ou seja, o mito não era só encarado como uma metáfora, ele era real. Tinha de ser, esse povo continha toda a sua base de viver a partir disso. A metafora não era só vivida internamente para se compreender extarmente, como hoje o fazemos, mas antes era tudo ali paulpável.
Isso não é só visto no contexto pagão não, os cristãos tem o seu mito de sacrificio pelo bem de algo maior claramente na imagem de seu Cristo, que encarna perfeitamente todos os arquétipos de Rei, divindade Solar, Salvador do Povo, e etc.
O "bem" da humanidade dependia de seu sacrficio no qual ele deveria aceitar de boa vontade. Seu sangue salvaria seu povo.
Algo mudou no sacrificio? Não, apenas mudaram-se os personagens. De Deus Solar, como Cernunnos por exemplo, o chamaram de Cristo. E todos ao seu modo traziam a sua parcela de sacrificados pelo bem maior. Mártiries de seus povos.
Hoje muitos caminhos, como o cristianismo, adotou temas de sacrificio através de símbolos nos quais nós humanos podemos exortar toda essa cátarze psiquica na qual dependemos, o sacrificio possui um papel importante em nossas vidas.
Mesmo que mudemos os símbolos, como se deve ser mudado pelo simples bom senso já que não aprovaria pagãos ou cristãos queimando ou crucificando Cristos ou Cernunnos literais por ai. Pela questão de que o ato de se entregar a algo maior em prol de todos é algo claramente dependente de nós.
Somos seres em sacrificio por natureza. Isso é ação natural, não estou falando de histeria religiosa e nem assassinatos insanos. Estou querendo demonstrar através disso um tema que está relacionados a atitude da entrega.
Toda entrega é um ato de sacrificio, voluntário ou não.
Tudo precisa ser deixado de lado para que se busque outro algo. O velho da lugar ao novo para que o novo possa se tornar velho e assim dar lugar ao novo, isso também é sacrifício.
Quando nossos pais saem de casa, deixam de lado seus interesses pessoais para que possam dar a nutrição a seus filhos através do suor de seu trabalho, isso é sacrifício. Tudo isso nos liga a um ato profundo e natural. É algo inerente ao ser humano, claro que tudo se altera de acordo com os seus propositos.
Creio que isso nos leva a procurar cada vez mais essas congnições simbolicas e seus significados em nossas vidas. Pois faz parte de nós.
O mito do herói, descrido pelo Joseph Campbell perfeitamente. Mostra isso de uma maneira fenomenal. Lembrando que o heroi é também um martirie voluntário que muitas vezes é convocado a dar o seu tempo, sua vida e tudo aquilo que aprendeu em prol do seu povo. Afim de que a vida prossiga em sua ciranda eterna.
O sacrificio ainda tem um papel mais profundo ainda. Ele nos lembra muitas vezes que não somos donos da roda da vida, mas fazemos parte dela e como parte dessa roda precisamo girar de acordo com seus ciclos. E que isso nem sempre fará que estamos em cena. A vida e a morte, como processos naturais, são atos de sacrificios do impulso da natureza. Uma coisa precisa morrer para que outra viva. O equilibrio é a dança.
Claro que isso não justifica jamais assassinar ninguém dizendo que isso é sacrifício, até por que conceitos de símbolos e projeção desse ssímbolos em uma persona humana creio que já foi muito bem distinguida em nossa sociedade.
Porém mártiries voluntários disposto ao sacrificio sempre existira. Sempre existira Madres Tereza, Gandhis, Martin Luther Kings, Nelsons Madelas, que nada mais são que heróis e heroinas que trocaram seus interesses pessoais mesquinhos em prol de algo. Isso é o real e sublime sacrificio a ponto de não ser símbólico em derramar seu próprio sangue a terra mas oferecer suas libações de atitudes a terra.
E nós vibramos com tudo isso. Pois o herói como o sacrificado, tem esse papel de encarnar a todos pois ele não diz em seu nome mas diz ao nome de todos e todos são eles. Por que você acha que quando crianças ou até mesmo quando adultos vibramos junto com o nosso herói a vitória sobre o vilão?
Isso é ligação psiquica que carregamos. O herói representa nossos anseios, sonhos rumo ao sacrifcio que é sua força e vitalidade, no qual combinados vence o vilão que nada mais nada menos representa nossas fraquezas obscuras que destroem a vida de uma maneira caótica.
Bruxos modernos fazem sacrificios humanos? Não, assim como nós bruxos não faziamos no passado. Alguns pagãos sim, como tribos primitivas celtas. Que como disse nada mais faziam do que ligar o símbolo a uma persona humana.
Símbolos de sacrficio dentro de rituais da bruxaria são representados através de bonecas de milho, homens feito de pão, bonecos de trigo. As vezes o sacrificio pode ser uma vela a queimar. Frutas cristalizadas jogadas sobre a terra.
Eles possuem a mesma carga de importância cognitiva que uma pessoa possuíria.
Pois o valor não está em si no objeto, mas no valor que depositamos sobre eles.
Como os católicos fazem através da comunhão, o Corpo de Cristo é a Hóstia e o Sangue o Vinho.
É como nós também fazemos em nosso Rito do Bolo e da Cerveja. O Bolo representa o corpo do Deus sacrificado que alimenta seus filhos pelo próprio corpo. E o Vinho ou a Cerveja é o Sangue da Deusa que purificanos e nos liga a Ela através da saciação.
E assim fazemos nossa reflexão sobre o ato de sacrificar e oferecer algo em sacrifício. Isso é uma meditação séria e profunda proposta a nós desde que a humanidade é humanidade.
E deixo aqui a proposta de assistirem o The Wicker Man e o Sacrificio, ambos os filmes para fazerem comparações e rirem um pouco sobre o que as pessoas acham de nós. Como se já não soubessemos!
Bençãos a todos.
Dyonisio Bacante.
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