Aos iniciados nos antigos mistérios, era ensinado a dizer: Eu sou filho da Terra e do Céus Estrelados, e não há Parte Minha que não seja dos Deuses.
quarta-feira, 15 de maio de 2013
MAGIA DE UMA BRUXA.
Para mim, a palavra Bruxa é deliciosa, impregnada de
antiqüíssimas memórias que remontam aos nossos mais remotos
ancestrais, que viveram em estreito contato com os ciclos
naturais e apreciaram o poder e a energia que compartilhamos
com o cosmo. A palavra Bruxa pode instigar essas lembranças e
sentimentos, até no espírito mais cético.
A própria palavra evoluiu através de muitos séculos e
culturas. Há diferentes opiniões sobre as origens da palavra
inglesa Witch (bruxa). No anglo-saxão antigo, wicca e wicce
(masculino e feminino, respectivamente) referem-se a um ou
uma vidente, ou aquele (ou aquela) que pode preverinformações por meio da magia. Dessas palavras radicais
derivamos a palavra wicca, um termo que muitos na Arte usam
hoje para se referirem às nossas crenças e práticas. Wych em
saxão e wicce em inglês arcaico significam "girar, dobrar,
moldar". Uma palavra radical indo-européia ainda mais antiga,
wic, ou weik, também significa "dobrar ou moldar". Como
Bruxas, dobramos, subjugamos as energias da natureza e da
humanidade para promover a cura, o crescimento e a vida.
Giramos a Roda do Ano à medida que as estações passam.
Moldamos nossas vidas e ambientes para que promovam as
boas coisas da Terra. A palavra Witch também pode ter a
origem na antiga raiz germânica wit — saber. E isso fornece
igualmente um certo insight sobre o que é uma Bruxa — uma
pessoa de saber, versada em verdades científicas e espirituais.
Nas origens de muitas línguas, o conceito de '' Witch''
fazia parte de uma constelação de vocábulos para significar
wise (sábio) ou "wise ones" (os sábios). Em inglês, vemos isso
com extrema clareza na palavra magic, a qual deriva do grego
magos e da palavra persa arcaica magus. Ambas estas palavras
significam "vidente" ou "feiticeiro". No inglês arcaico, o
vocábulo wizard significava "o que sabe". Em muitas línguas,
Bruxa é a palavra encoberta nos termos comuns, cotidianos,
para sabedoria. Em francês, a palavra para parteira é sagefemme,
"mulher sábia".
A sabedoria enriquece a alma, não apenas o espírito. E
diferente da mera inteligência, informação e sagacidade, que só
residem na mente. A sabedoria vai mais fundo do que isso.
Quando o cérebro, com sua multidão de fatos e peças de
informação, deixa de existir, a alma persistirá. A sabedoria
imarcescível da alma sobreviverá.
A palavra grega para a alma é psyche. Pensamos freqüentemente
nos psíquicos como indivíduos talentosos e raros
porque podem usar como fonte essa sabedoria universal, mas o
dom não é raro. Todos nós o possuímos; cada um de nós é um
indivíduo dotado de alma. Todos dispomos de poderes psíquicos ou poderes anímicos, e cada um de nós pode
reaprender — ou recordar — como usá-los.
Embora homens e mulheres compartilhem do poder da
magia, a palavra Witch tem estado mais comumente associada a
mulheres do que a homens; no entanto, os homens na Arte são
também denominados Witches (Bruxos). Durante a Era das
Fogueiras, 80% dos milhões de pessoas que foram queimadas
vivas por prática de feitiçaria eram mulheres. Ainda hoje, a
maioria dos praticantes da Arte são mulheres, embora esteja
aumentando o número de Bruxos. Há uma boa razão para pensar
na Feitiçaria como uma Arte feminina. O poder de uma Bruxa
ocupa-se da vida, e as mulheres estão biologicamente mais
envolvidas na geração e sustento da vida do que os homens.
Não é uma coincidência que quanto mais homens se fazem
presentes no momento do parto e assumem responsabilidades na
assistência ao bebê recém-nascido, maior é o número de homens
que se interessam pela Arte. O espírito dos tempos está levando
homens e mulheres a restabelecerem a ligação com os mistérios
da vida que se encontram nos ritmos naturais da mulher, da
Terra e da Lua — pois os mistérios da vida são os mistérios da
magia.
A magia é o conhecimento e o poder que promanam da
capacidade de uma pessoa para transferir a seu talante a consciência
para um estado inabitual, visionário, de cognição ou
percepção inconsciente. Tradicionalmente, certos meios e
métodos têm sido usados para causar essa transferência: dança,
canto, música, cores, aromas, percussão de tambores, jejum,
vigílias, meditação, exercícios respiratórios, certos alimentos e
bebidas naturais, e formas de hipnose. Ambientes espetaculares
e místicos, como bosques, vales e montanhas sagrados, igrejas
ou templos, também alterarão a consciência. Em quase todas as
culturas alguma forma de transe visionário é usada para os
rituais sagrados que abrem as portas para a Inteligência
Superior ou para o trabalho mágico.
Desde os tempos neolíticos, a prática da Feitiçaria sempre
gravitou em torno de rituais simbólicos que estimulam a
imaginação e alteram a consciência. Rituais de caça, experiências
visionárias e cerimônias de cura sempre tiveram lugar
no fértil contexto dos símbolos e metáforas próprios de cada
cultura. Hoje, as meditações e sortilégios de uma Bruxa
continuam essa prática. O trabalho de uma Bruxa é trabalho
mental e utiliza poderosas metáforas, alegorias e imagens para
revelar os poderes da mente. Os índios Huichol do México
dizem-nos que a mente possui uma porta secreta a que chamam
nierika. Para a maioria das pessoas, ela permanece fechada até o
momento da morte. Mas as Bruxas sabem como abrir e transpor
essa porta ainda em vida e trazer de volta, através dela, as
visões de realidades não-ordinárias que propiciam finalidade e
significado à vida.
As imagens e os símbolos da Feitiçaria possuem uma
qualidade misteriosa e mágica porque tocam em algo mais
profundo e mais misterioso do que nós próprios. Desencadeiam
verdades perenes represadas no inconsciente, as quais, como
sugeriu Carl Gustav Jung, o grande psicólogo e estudioso das
religiões do mundo, fundem-se com as respostas instintivas do
reino animal e podem abranger até a criação inteira. O
conhecimento mais profundo, do outro lado da nierika, é sempre
conhecimento do universo. Está sempre presente, ainda que,
como a chama de uma vela na luz ofus-cante do sol, pareça
invisível e incognoscível. Mas a magia transporta-nos para
esses domínios profundos do poder e do conhecimento. Ela nos
leva a mergulhar na suavidade do luar, onde a chama de uma
vela cintila constante. Pode fazer-nos transpor a nierika e depois
trazer-nos outra vez de volta.
Os conhecimentos profundos que provêm do inconsciente
nem sempre podem ser expressos em palavras; requerem
freqüentemente a poesia, o canto e o ritual. Algures no centro
da alma humana existe um senso de identidade que jamais pode
ser transmitido somente por palavras de um ser humano para outro. Cada um sabe haver em si muito mais do que pode ver ou
expressar, tal como sabe haver no universo mais do que
atualmente compreende. Na melhor das hipóteses, o indivíduo
só pode fornecer alusões e lampejos do seu eu mais profundo
através das coisas de que gosta, daquilo que teme, do modo
como se desempenha, da forma como
sorri. Guardado no centro do seu ser está o segredo do
que ele é e do modo como se relaciona pessoalmente com o
resto do universo.
O conhecimento que uma Bruxa tem de si mesma, da
natureza, do poder divino que transcende o próprio cosmo pode
expressar-se melhor através do mito, símbolo, ritual, drama e
cerimônia. Diz-nos Jung que a estrutura da mente resulta da
interação de energias arquetípicas que só podem ser conhecidas
em imagens e símbolos, e que os sentidos captam em rituais e
eventos numinosos. E verificamos assim que, desde os tempos
mais remotos, homens e mulheres virtuosos de todas as culturas
criaram práticas ricas em símbolos e metáforas que a mente
inconsciente reconhece e entende intuitivamente: tambores,
gemas, penas, conchas, varas de condão, taças, caldeirões,
ferramentas sagradas e vestimentas feitas de plantas sagradas,
animais e metais repletos de poder. São essas as imagens que
revelam os padrões de conhecimento que estão subjacentes no
universo físico. São essas as imagens que nos conduzem ao
poder secreto que se oculta no centro das coisas, incluindo os
nossos próprios corações. Com esses ritos e imagens podemos
— como dizem as Bruxas - "puxar para baixo a Lua''.
Texto de; Laurie Cabolt.
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Olá!
ResponderExcluirGostei muito de ler este texto, assim como estou a gostar imenso deste blog e também do outro, o sagrado feminino, em particular dos trabalhos de Gaia Lil, com quem gostaria bastante de trocar algumas impressões :)
Obrigada por resgatarem as antigas Deusas.
Helena Lilith
Olá!
ResponderExcluirGostei muito de ler este texto, assim como estou a gostar imenso deste blog e também do outro, o sagrado feminino, em particular dos trabalhos de Gaia Lil, com quem gostaria bastante de trocar algumas impressões :)
Obrigada por resgatarem as antigas Deusas.
Helena Lilith